Nhô-Quim 1
Editorial
Os últimos dois anos por fim cristalizaram a “crise nos infinitos fanzines”, a que tanto se reportou nosso “PolítiQua”. Aliás, um dos marcos destes últimos anos da década relativo aos fanzines foi a incrível autocrítica e participação dos faneditores sobre a falta de perspectiva e incertezas de sua produção.
Apesar do “movimento” não ter estacionado, verificando-se até um bom número de novas publicações, a realidade é que a qualidade editorial e gráfica dos novos fanzines teve uma queda drástica em relação aos maravilhosos fanzines surgidos na primeira metade da década de 80, e que hoje encontram-se quase todos desaparecidos.
A avaliação sobre a crise, tão bem elaborada por editores e leitores de todas as partes do país, serviu, sobretudo, para o amadurecimento dos que estiveram ligados às publicações alternativas, elaborando sugestões que contribuíssem de forma eficaz para a consolidação de nossos veículos.
Uma das conclusões mais interessantes é que a forma de produção de fanzines que predominou durante toda a década tendia a ceder lugar a outra mais racional. Ou seja, os fanzines de autor, de indivíduos isolados, seriam substituídos por fanzines produzidos por grupos, associações, pelo coletivo. Dessa forma o trabalho de edição, custos, divulgação e circulação seria assumido por várias pessoas, numa escala de tempo e recursos econômicos mais compatível com nossa realidade.
Partindo deste princípio, e pela afinidade que desenvolvemos tanto na esfera pessoal quanto nas pretensões editoriais, resolvemos unir em um só fanzine as idéias e sonhos que moviam POLÍTIQUA e MARCA DE FANTASIA, gerando NHÔ-QUIM, fanzine de quadrinhos, entrevistas, comentários, humor e leituras afins, tudo sob o fio condutor que uniu nossos dois antigos fanzines: a linguagem política dos quadrinhos.
Com NHÔ-QUIM pretendemos manter a periodicidade trimestral, um bom nível de informações e quadrinhos, e contribuir para o aprimoramento dos quadrinhistas e editores brasileiros.
Henrique Magalhães & José Carlos Ribeiro
A primeira edição do Nhô-Quim teve 24 páginas e formato 22x31cm, apresentou os textos “Nhô-Quim: uma viagem à origem dos quadrinhos”, de H. Magalhães, “Fanzines na década de 80: uma releitura”, por José Carlos Ribeiro, “Clips para as histórias em quadrinhos” e “Botando o bedelho no mundo”, ambos de H. Magalhães, sendo o primeiro sobre a publicação “Clips de Calazans” e o segundo sobre o fanzine “Bedelho”, editado em Portimão, Portugal, por Fernando Vieira. Na parte textual tem-se ainda a seção “Quadrinhos e leituras afins”, com resenhas de publicações independentes. A edição traz também quadrinhos de Calazans e H. Magalhães, além de cartuns de Caó.
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