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Maria
Uma longa jornada editorial
Como todo autor, o sonho é ver seu personagem estrelar uma revista em quadrinhos, ainda mais quando se é adolescente, entusiasta e cheio de fantasia. A personagem Maria foi criada por Henrique Magalhães em 1975 para logo ser publicada nos suplementos dominicais O Norte em Quadrinhos, do jornal O Norte e O Pirralho, do jornal A União, ambos da capital paraibana. Mas, como dito acima, o sonho mesmo era ver sua revista nas bancas, brigar pela atenção do leitor em meio a tantas outras publicações.
Nesse período, apenas Deodato Borges tinha se aventurado no campo da edição com As aventuras do Flama, em 1963 em Campina Grande, sendo sucedido por Assis Vale, que lançou no início da década de 1970 a revista Cuca, com seu personagem homônimo. Maria e Welta vieram em seguida, produzidas por Henrique Magalhães e Emir Ribeiro, respectivamente.
Em paralelo à publicação em suplementos e tiras diárias nos jornais, saíram até 1982 dez edições seriadas da revista Maria, com produção independente e circulação nas bancas da Paraíba e de Pernambuco. A primeira, contudo, foi uma edição de aniversário, lançada em julho de 1976 no formato aproximado A5 horizontal, impressa em estêncil eletrônico com 26 páginas.
Com um ano de criação, a primeira revista com Maria
Em seguida, saiu a pequena revista Veneta, no formato “cordel”, com algumas tiras de Maria, para em maio de 1978 surgir a revista Maria número 1, que chegou ao número 10 em julho de 1982. As revistas eram publicadas pelo selo Editora Artesanal, que era uma atividade do Grupo Artesanal, uma associação artística da qual o autor foi um dos fundadores.
O número 10 de Maria saiu como duas edições em uma, já que virando-se a revista tinha-se o número 2 de Binidito, outro personagem do autor. Esta edição saiu pelo selo Edições Macunaíma, série de revistas de quadrinistas paraibanos lançada pela Oficina Literária, grupo ligado à Secretaria de Educação do Estado da Paraíba.
Inspirada na revista Fradim, de Henfil, as revistas Maria traziam, além de uma coletânea de tiras publicadas nos jornais, uma história temática inédita, abordando a atualidade política e cultural em quadrinhos. Seguindo esse mesmo espírito e fechando a série, em 1983 foi lançado o álbum Maria: a maior das subversões, em que o autor aborda de forma sutil a homossexualidade feminina. O tema do amor, no álbum, foi inspirado no livro 1984, do inglês George Orwell.
Reunindo boa parte das tiras produzidas na década de 1990, foi lançado em 1998 pela editora Marca de Fantasia o álbum Maria: olhai os lírios no campo, que contou com a subvenção da lei municipal de apoio à cultura. Em 2000 começa mais uma séria de revistas, a Maria Magazine. A primeira edição saiu em 2000, a segunda em 2002, a terceira em 2012 e a quarta em 2013. Esta série tem a característica de publicar as tiras recentes da personagem, que voltou a ser publicada no jornal A União em 2012, mais tiras de autores convidados, em geral do catálogo da editora Marca de Fantasia.
Ao fazer três décadas de criação em 2005, a personagem ganhou uma edição especial, Maria: espirituosa há 30 anos. O álbum faz um histórico da criação e do desenvolvimento de Maria analisando as várias fases de produção. A edição traz ainda o ensaio “O rebolado de Maria”, pelo jornalista Gonçalo Junior.
H. Magalhães |
